- 2014/07/01

Motivação para a Felicidade

Uma das perguntas que mais recebo quando falo sobre o curso de mestrado em Estudos Globais, sobre a pesquisa da felicidade, a experiência vivida no Butão, o trabalho na Comissão da Felicidade Interna Bruta e o caminho que sigo percorrendo é sobre o que me orientou e incentivou para este tema.


Meu interesse acadêmico na agora chamada Ciência da Felicidade tem origem no estudo dos processos de globalização e o desenvolvimento humano neste momento em que a pesquisa científica retoma o olhar às expressões da sabedoria original com potencial para validar a expansão do seu conhecimento. Assim, muitas disciplinas acadêmicas recorrem ao que estava aprisionado como místico, religioso, metafísico—enquanto a própria conotação de mito evolui e a ciência dura segue investindo em pesquisas para elucidar as buscas fundamentais humanas. A Neurociência, a Yoga e os Estudos Budistas são bons exemplos deste permear ciência-sabedoria. Os benefícios da meditação para a relação corpo-mente, a psicologia positiva, o conceito de interconectividade e sustentabilidade, etc. fornecem insights e permitem novos processos reflexivos individuais e coletivos. Processos esses que entrelaçam as esferas econômica, política, cultural e ambiental do tecido social.

Ainda que fruto da formação pragmática em Administração e Comércio Exterior, nunca me adaptei aos mecanismos progressistas desmedidos. Não me convenceu completamente o presságio linear da certeza de contentamento dependente do sucesso em uma única esfera da existência. A motivação para o estudo do desenvolvimento humano como o bem-estar físico, mental e emocional; o contentamento; a plenitude; enfim, a felicidade; pode até parecer uma perspectiva utópica como já escutei diversas vezes. E, sim, possivelmente seja efeito de uma aproximação ideológica da realidade (e qual não é?). Porém após percorrer um pouco deste mundo e conhecer pessoas dos mais diversos lugares arrisco uma declaração pessoal fundamentada na literatura que tenho explorado sobre o assunto: as pessoas não querem sofrer e buscam alguma forma de felicidade, mesmo que não a designem exatamente assim.

Ter vivido e trabalhado em um lugar que projeta materializar o desenvolvimento de maneira holística e multidimensional e descreve a missão como o empenho por prover as condições para que sua gente busque a felicidade (implica: se assim desejarem) é um privilégio que, como tal, se tornou responsabilidade.

Monges Felizes (porcelana em uma vitrine de Leh, Ladakh - India)

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